quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O naturalista - The naturalist

sem título - o naturalista, 2009; guache sobre papel, 14 folhas com 70 x 50 cm.

untitled - the naturalist, 2009; gouache on paper, 14 sheets with 70 x 50 cm.

O objectivo de uma ilustração científica consiste em fornecer uma imagem exacta de um espécime (animal, vegetal, mineral) ou de parte dele. É essencial capturar esta imagem de forma muito precisa, de modo a que o observador seja capaz de o identificar e reconhecer. As ilustrações científicas têm pouco a ver com arte - pertencem sim ao ramo das ciências: considerações estéticas são de todo inapropriadas, e a beleza é um agradável mas totalmente irrelevante efeito lateral. Na ilustração científica o termo "naturalista" é relativo: na realidade é produzida uma ilusão de um objecto tridimensional, numa superfície bidimensional, e frequentemente numa escala diferente da do espécime original. O ilustrador, no fundo, tenta trabalhar como uma máquina fotográfica e sem possibilidades de expressão própria.
O conjunto de guaches em progresso intitulado "o naturalista" debruça-se sobre este tema. Ao invés dos espécimes naturais foram tomados como objecto de estudo os seus substitutos, agrupados e separados por "espécies". Estes espécimes percorrem um espectro variado, do brinquedo educativo bem desenhado, ao tosco e assumidamente "made in china"; do souvenir étnico, ao peluche simpático e amigável; do bibelot de gosto duvidoso, ao objecto kitsch de uso diário. Só podemos imaginar quão elucidativas seriam as legendas "científicas" de cada elemento. Não esquecendo o tema da natureza-morta, da reunião de colecções e da sua catalogação (o contexto museológico que acolhe esta exposição), talvez estas representações de representações nos dêem uma visão da relação mediada e artificial que temos muitas vezes com o mundo natural.
















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